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sábado, 17 de janeiro de 2015

Construtoras negociam para “aliviar” punições


São Paulo e Curitiba (AE) - Acuadas pela Operação Lava Jato - que mantêm seus dirigentes atrás das grades por suspeita de corrupção, formação de cartel e lavagem de dinheiro -, as maiores empreiteiras do País estudam a possibilidade de um amplo acordo de leniência combinado com delação premiada. O impasse com as autoridades está justamente na libertação dos executivos.
Geraldo MagelaRodrigo Janot ouviu proposta de acordo dos advogados das construtoras envolvidasRodrigo Janot ouviu proposta de acordo dos advogados das construtoras envolvidas

Por meio de seus advogados, algumas empresas acenam com pagamentos milionários a título de multa, além do compromisso de não participar de novas licitações de órgãos públicos pelo período de 3 anos a 5 anos e até de deixarem de fazer doações eleitorais. Uma das empreiteiras fala em um desembolso de R$ 1 bilhão.

Em contrapartida, as empreiteiras querem um ‘alívio’ para seus executivos, que ontem completaram dois meses de prisão na Superintendência da Polícia Federal no Paraná, em Curitiba, base da Lava Jato. Este é um ponto que barra a negociação com investigadores da operação que desmontou o cartel das empreiteiras e o esquema de corrupção na Petrobrás. Para eles, qualquer acordo eventualmente firmado deveria incluir a permanência dos executivos por uma temporada na cadeia.

A cúpula do ‘clube das empreiteiras’ — denominação que a Lava Jato emprega ao cartel que predominou nas áreas vitais da estatal petrolífera - sofre forte pressão de familiares dos prisioneiros. Mulheres e filhos reclamam da situação em que eles se encontram e da remota chance de saírem do cárcere tão logo.

Implicações
Alguns executivos argumentam que o confinamento tem fragilizado sua saúde. Na quarta-feira, 14, o vice presidente da Mendes Jr., Sérgio Cunha Mendes, foi internado em um hospital de Curitiba com crise renal.

As empreiteiras temem também uma quebradeira em cadeia. Já buscam, como recurso derradeiro, a via da recuperação judicial, sob alegação de que os créditos escassearam desde que a Petrobrás suspendeu os contratos. A estatal tem pressionado as empresas para que façam acordo de leniência em que reconheçam a prática de atos ilícitos, com o cartel. Uma das hipóteses em estudo prevê que as empreiteiras fechem amplo acordo de leniência combinado com delação dos executivos - neste caso, advogados já avisaram que renunciarão porque dizem não trabalhar com colaboração premiada.

Em novembro, quando a PF e a Procuradoria da República desencadearam a Juízo Final, sétima fase da Lava Jato, os advogados fizeram uma primeira incursão em Brasília. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, os recebeu e ouviu a proposta por um acordão. O expediente malogrou - Janot sugeriu a seus interlocutores que conversassem com a força-tarefa de procuradores em Curitiba. Em paralelo, a estratégia de recursos para obter habeas corpus não tem dado resultado.

A preocupação com essa situação não se restringe aos executivos privados de liberdade. Diretores de outras empresas que estão na mira de uma próxima etapa da investigação da Lava Jato temem irem dormir e, no dia seguinte, serem acordados por policiais federais à sua porta, munidos de um mandado de prisão.

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