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terça-feira, 15 de março de 2011

Incompetência da gestão municipal provoca críticas de especialista em turismo religioso

 Destaque da coluna de Woden Madruga, publicada hoje na Tribuna do Norte:

colunas

Natal, 15 de Março de 2011

Jornal de WM

por Woden Madruga

Esta coluna é atualizada diariamente

O desconforto da Santa

15 de Março de 2011
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Pery Lamartine manda imeio dando conta de uma viagem que fez a Santa Cruz do Inharé, agora no Carnaval, levado pela curiosidade em conhecer a estátua (a maior do mundo, dizem) de Santa Rita de Cássia. Além de escritor (quinze livros publicados) e membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, Pery é piloto  (brevetado em 1944), instrutor de aviação (foi) e pioneiro do turismo no Rio Grande do Norte. É o primeiro agente de viagem de Natal, agência montada em 1962 e em plena atividade. Magro, alto, esguio, firme  como uma craibeira seridonse e elegante chapéu panamá na cabeça, o nosso ilustre missivista ainda bate um bolão nos seus oitenta e tantos anos e bote força. Confira:

- Nessa segunda-feira de Carnaval, aproveitei a disponibilidade de tempo para dissaldar um compromisso comigo mesmo: visitar o monumento a Santa Rita, em Santa Cruz do Inharé. No mesmo ritmo de viagem foram duas horas de automóvel numa estrada boa, dentro dos padrões do Rio Grande do Norte. Às 10 horas chegamos a Santa à cidade sem qualquer orientação. Paramos em frente a um posto de gasolina, um popular aproximou-se e nos atendeu gentilmente: “Continue na rodovia, pegue a primeira entrada a esquerda, logo vai ver a placa indicando o caminho.”

- A informação estava correta. Seguimos as placas. Atravessamos o centro da cidade, contornamos a igreja matriz e continuamos no rumo da periferia. A partir daí as ruas encontradas foram se estreitando, moradores nas calçadas, crianças brincando, outras andando de bicicletas e achamos estranho o monte da Santa, que procurávamos, estar ficando para trás. Como não encontramos mais nenhuma placa indicativa, resolvemos acompanhar o fluxo que julgávamos dirigir- para lá.

- De repente vimos uma  entrada a nossa esquerda (90 graus) e o fluxo de automóveis passou adiante. Paramos, e só aí descobrimos que era a via que nos levaria a Santa Rita. Seguimos por ela, que ainda está em obras (restauração ou implantação?). Em certos momentos ia-se pela contramão causando embaraços ao trânsito. Ao se aproximar do monte, a estrada, os zig-zag ascendentes e rampas fortes foram aumentando. Na chegada, no topo, tivemos que usar a primeira marcha para conseguir ter acesso ao pequeno estacionamento. Doze carros, mais ou menos, e já estava lotado. Felizmente uma visitante foi deixando o lugar e ocupamos o seu espaço.

- O monumento a Santa Rita assusta pelo gigantismo. Maior do que se imagina. O visitante tem que ter um apoio de guia ou de um folder bastante detalhado. O que não encontramos: nem um e nem outro. Por sorte localizamos no depósito uma cadeira de rodas disponível para a minha esposa que estava reclamando dos joelhos doloridos. Encontramos poucos visitantes circulando.

- Uma vista daquelas tem que ser programada. São muitos degraus a subir e descer o que desanima o visitante. No térreo há uma igreja que, embora estivesse aberta, não havia ninguém para informar se haveria missa e que horários. O restaurante estava fechado. Apenas uma loja de artesanato funcionando. Felizmente os toaletes estavam disponíveis e limpos.

- Descendo uma escada chega-se a um nível mais baixo. Ali tem-se uma visão ampla que muito além da cidade. Faltam bancos para se sentar. O visitante cansado de caminhar e subir escadas não tem onde aliviar o cansaço do esforço físico. Sente-se também a falta do verde nos canteiros em frente à igreja. Um empreendimento daquele porte adapta-se muito bem ao turismo-religioso que já se pratica há muito tempo aqui no Nordeste, especialmente no Ceará. A diferença é que lá já havia um fluxo de turistas-romeiros. Foi necessário apenas criar uma infraestrutura para fazer funcionar. Criar um fluxo onde antes não havia nada, não é fácil, exige grande investimento e muita publicidade, o que parece ser o caso de Santa Cruz.

- De qualquer forma, a estrutura já está pronta, é meio caminho andado. Falta só chamar quem entende de turismo e um bom arquiteto para corrigir as falhas que são muitas, um acordo com a igreja – que não é fácil -, bastante propaganda. Tentar fazer todo aquele complexo funcionar. Assim espero.

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