Com muita alegria participei hoje da Cavalgada dos Vaqueiros, em homenagem a Santa Rita de Cássia, padroeira de Santa Cruz. Evento promovido pela Associação dos Vaqueiros da Região do Trairi, entidade que merece todo nosso respeito e admiração por congregar bravos homens, lutadores do campo.
Mas ao longo do percurso de cinco horas, conversando diretamente com amigos, que fazem do campo sua luta e seu viver, fiz uma reflexão. O momento era de festejar os vaqueiros, mas que me reportou a análise, idéias e, também, indignação.
Os agricultores de Santa Cruz, muitos deles vaqueiros, vivem hoje renegados pela gestão municipal, esquecidos por quem, por obrigação, deveria atrair e fomentar políticas de desenvolvimento.
A cidade de Santa Cruz usufrui e muito da riqueza gerada na zona rural, por isso mesmo a indignação pelo que a gestão municipal faz com o homem do campo. Não há uma política para a economia e muito menos para o social no campo. A atual gestão peca em tudo, as estradas que dão acesso ao campo não tem qualquer manutenção, as máquinas que poderiam ajudar no corte de terra também não são disponibilizadas pelo Poder Público. E em meio a toda adversidade aqueles que conseguem produzir não tem um local próprio para comercializar o produto, já que a feira do gado foi acabada.
A população que está na zona rural também sofre com o social: faltam escolas e atendimento à saúde. Não há posto de saúde e nem escola no campo. O sentimento dos santacruzenses que moram nos sítios traz estampado a indignação pelo esquecimento. Educação e saúde, direitos básicos de todo cidadão, são negados de forma escancarada e criminosa.
Pouco antes de começar a cavalgada de hoje o prefeito foi chamado para falar aos vaqueiros. Confesso que aguardei com expectativa e torcida esperando que naquele momento fosse anunciada alguma política de incentivo e desenvolvimento ao homem do campo. Pura frustração. O discurso do prefeito ficou apenas em “cumprimentos” e, pior, na declaração de que “ele está a disposição dos vaqueiros para ajudar”.
Ora, é até uma aberração o prefeito dizer que está a disposição para ajudar. A administração já passa dos dois anos e ele ainda não ajudou em absolutamente nada o vaqueiro. Ele está a disposição de que para o homem do campo? O que os agricultores precisam são de políticas de desenvolvimento, projetos que possam arregimentar a economia do campo.
Mas a atual gestão nada fez. E se reportarmos há alguns anos, a administração do primo do prefeito que agora é deputado, o problema é ainda mais grave. Muito dinheiro foi liberado do Governo Federal para o Parque de Exposição e Rodeio. Seria uma grande obra para fomentar o agronegócio.
Seria...Embora os recursos tenham sido completamente liberados o Parque de Exposição não tem qualquer estrutura, a obra está inacabada e não há qualquer equipamento para expor animais. O que há no local é uma “gambiarra” usada para fingir que aquilo é um parque de exposição. Mais um engano! O local não abriga Parque de Exposição e sim um de Vaquejada, que corresponde a apenas 10% da obra.
O Parque de Exposição é mais uma obra inacabada, o que comprova a negativa da administração passada e atual pelo homem do campo. Se concluído o empreendimento muito beneficiaria o agronegócio, mas ficou apenas na promessa, embora todo dinheiro tenha sido liberado. É mais uma obra inacabada, que revolta o santacruzense pelo mau uso que os dois primos fazem dos recursos públicos.
Marcos Lima
Médico santacruzense e fundador do Santa Cruz Urgente
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