Os gastos dos planos de saúde individuais (contratados por uma pessoa
física, e não por famílias ou empresas) com cada usuário tiveram um
aumento de 16,4% nos 12 meses encerrados em junho de 2012, em comparação
com o período anterior (julho de 2010 a junho de 2011), segundo
divulgou o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) nesta
terça-feira (26) em São Paulo.
Esse é o maior resultado desde 2007, quando começou a série histórica
do indicador criado pelo IESS, que é financiado por seis operadoras
(Amil, Golden Cross, SulAmérica, Bradesco, Intermédica e OdontoPrev).
Essa alta na Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) – que avalia
a diferença no gasto por pessoa feito pelos planos em períodos
consecutivos de 12 meses – reflete principalmente o peso das
internações, que tiveram um crescimento de 16,6% no período. Em seguida,
aparecem os tratamentos (15,1%), as consultas (13,3%) e os exames
(9,8%).
CUSTO ASSISTENCIAL POR PESSOA/ANO EM CADA FAIXA ETÁRIA |
Idade |
Valor |
0-17 anos |
R$ 713 |
18-29 anos |
R$ 1.104 |
30-39 anos |
R$ 1.436 |
40-49 anos |
R$ 1.829 |
50-59 anos |
R$ 2.577 |
60-69 anos |
R$ 3.793 |
70 anos ou mais |
R$ 7.460 |
Fonte: Pesquisa União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas) 2010. Dados de 2009 |
Enquanto o VCMH subiu 16,4%, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) – usado pelo governo para medir a inflação geral – fechou
em 6,1% no intervalo analisado.
O superintendente executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro, diz que o
VCMH é sempre superior à variação do IPCA, tanto no Brasil quanto no
exterior, mas essa diferença nunca havia sido superior a 10 pontos
percentuais.
Materiais mais caros
"Esse aumento nos custos das internações se deve ao valor muito elevado
de materiais como próteses e órteses ortopédicas", diz. Isso porque a
metodologia internacional do índice leva em conta fatores como o preço
de materiais e procedimentos e a frequência de uso.
Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) apontam, ainda,
que o gasto médio por internação no país aumentou 15,5% entre 2007 e
2011: eram R$ 3.219,56, e hoje são R$ 4.992,15.
De acordo com a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde),
que representa 15 grupos de operadoras (como Allianz, Amil, Bradesco,
Golden Cross, Intermédica, OdontoPrev, SulAmérica e Porto Seguro), as
despesas com internações sofreram uma variação de 215,4% entre 2007 e
2012, passando de R$ 4,9 bilhões para R$ 15,4 bilhões.
Dados do Ministério da Saúde revelam, porém, que os leitos de
internação (hospitalares, clínicos, obstétricos, pediátricos e UTIs) dos
setores público e privado aumentaram pouco entre março de 2007 e março
de 2012: de 503.054 para 503.127.
Alta por faixa etária
O VCMH mostra também que os beneficiários de planos com 59 anos de
idade ou mais foram os que mais cresceram entre julho de 2010 e junho de
2012: 1,7%. Os usuários de 0 a 18 anos foram o segundo grupo com maior
aumento, de 1,5%. Esses números refletem as duas faixas de maior procura
pelos serviços dos planos de saúde – crianças e idosos.
Na amostra do VCMH, 23,5% dos usuários têm mais de 59 anos, enquanto na
população essa parcela da população é de 10,8%, segundo o Censo 2010 do
Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE).
O diretor executivo da FenaSaúde, José Cechin, explica que o custo por
faixa etária não pode variar mais do que seis vezes entre a primeira e a
última. Além disso, pela lei brasileira, a diferença nos preços pode
ocorrer apenas com base na idade do usuário, não em outros critérios.
"Os idosos pagam mais, mas o valor ainda é abaixo do risco deles. Os jovens acabam bancando os mais velhos", afirma.
Dados da saúde suplementar
Segundo o superintendente do IESS, há atualmente no Brasil cerca de 10
milhões de usuários de planos individuais – um quarto do mercado de
saúde suplementar. A base de dados do instituto para fazer o VCMH reúne
10% desse total.
Em 2012, o setor de saúde suplementar no país teve uma receita de R$
94,3 bilhões e despesas de R$ 76,5 bilhões, segundo a ANS. Em setembro
do ano passado, havia 67,1 milhões de beneficiários em todos os tipos de
planos privados (individuais, familiares, empresariais e
odontológicos), administrados por 1.338 operadoras de saúde.
De acordo com a FenaSaúde, o mercado brasileiro de saúde suplementar
cresceu 5,3% entre setembro de 2011 e setembro de 2012. Já os grupos
representados por ela, que administram 29 empresas, tiveram alta de 8,4%
no período, somando 25 milhões de usuários.
Apesar de a maior parte da cobertura das operadoras da FenaSaúde ser de
planos de assistência médica (14,8 milhões), os odontológicos (10,2
milhões) foram responsáveis pelo maior índice de crescimento: 14,3%.
O Boletim de Indicadores Econômicos e Financeiros da FenaSaúde,
divulgado este mês, revela ainda que, de setembro de 2011 a setembro de
2012, os beneficiários dos planos de assistência médica – considerando
todo o mercado – cresceram mais nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e
Norte, com aumento de 11,2%, 7,4% e 5,1%, respectivamente. No Sudeste,
foi registrada uma elevação de 2% e o Sul apresentou redução de 0,4%.
No ranking do número absoluto de usuários, porém, o Sudeste (64,1%)
continua líder, seguido das regiões Nordeste (13,5%), Sul (13,4%),
Centro-Oeste (5,5%) e Norte (3,6%).