O deputado estadual Ezequiel Ferreira de Souza (PTB), destituído essa semana da presidência do Diretório Estadual do PTB no Rio Grande do Norte, classificou como “posicionamento absolutamente medíocre”, do vice-presidente nacional do PTB, Benito Gama, apontado como responsável pela saída de Ezequiel da direção estadual e pela nomeação de um assessor para a presidência regional do partido.
“É um posicionamento absolutamente medíocre. Mostra que, como líder partidário, ele não deve entender nada. Trocar um deputado estadual segundo mais votado do estado por um chefe de gabinete que ele trouxe da Bahia. Mas eu não rio, nem choro, porque também aprendi que o meu partido, o PTB, pode sobreviver aos idiotas e até aos gananciosos, mas não pode sobreviver à traição gerada dentro de si mesmo. Palavras parodiadas do grande tribuno Cícero, quando enfrentou Catilina”, afirmou Ezequiel, que nesta manha, fez um pronunciamento no plenário da Assembleia Legislativa, relatando o episódio e acrescentando que foi vítima de uma “manobra covarde” o secretário Benito Gama “mente” quando diz que havia uma Comissão Provisório do partido que havia vencido o prazo.
Ezequiel explicou que foi punido por não ter feito uma intervenção no Diretório Municipal do PTB em Mossoró, a pedido de Benito Gama, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico. “O grande pecado que fiz foi democratizar o PTB nos municípios e dar carta branca para que tomassem a posição que lhes conviesse, inclusive em Mossoró, que está gerando toda essa fúria do suplente de deputado e secretário Benito Gama”, disse.
Na cidade do Oeste, segundo maior colégio eleitoral do Estado, Benito orientou que o PTB se coligasse com a candidata do DEM, Claudia Regina. Contudo, por decisão do Diretório local, o partido decidiu apoiar a candidatura da deputada estadual Larissa Rosado (PSB). “Na realidade, esse processo todo tem a ver com eleição em Mossoró. Eu fui procurado primeiro por Roberto Jefferson (presidente nacional do PTB), que me chamou a Brasília dizendo que tinha recebido a visita da governadora Rosalba Ciarlini e de Carlos Augusto Rosado, levados por Benito Gama. E disse que gostaria de conversar comigo. Peguei o avião e fui e ele disse que Benito e Carlos Augusto tinham feito um apelo para o PTB ficar com eles em Mossoró e eles queriam a minha compreensão. Disse que só se o grupo conquistasse o PTB. Ele disse que pelo menos eu conversasse com Benito. Conversei com Benito e ele disse que o PTB queria apoiar a candidata do governo em Mossoró. Mas o PTB optou por ficar com Larissa. Visitei Mossoró e perguntei a decisão e o PTB em sua grande maioria tinha optado por ficar com Larissa”, relata Ezequiel.
“Nesse dia me liga Benito, questionando como eu não tinha atendido ao pedido dele, que era o município de Mossoró. Disse a ele que tinha orientado o grupo de Mossoró a ouvir ambos os lados e que optasse pelo lado que melhor proposta tivesse. Ele disse que era um absurdo ficar contra ele e ao lado de candidatozinhos a vereador de Mossoró. Eu disse a ele que ficasse onde ele estava que eu ficaria com os vereadores. Resultado: fui informado ontem que houve a troca de comando do PTB estadual. Ontem mesmo liguei para Norberto Martins, primeiro secretário do PTB, e ele me informou que estavam trocando de comando porque eu não tinha cumprido com a determinação em Mossoró. Eu disse que fosse checar o que aconteceu com a ata de homologação da presidência que eu levei a Brasília. Ele disse então que tinha sido pedido vista da ata, e eles tinham nomeado uma comissão provisória aqui para o Estado, com esse Fabio. Falei com Benito e ele disse que, dos 167 municípios, ele só pediu Mossoró, mas eu disse a ele que não ia fazer intervenção, porque em Mossoró eles fizeram a escolha deles. Questionei a ele: você está reclamando por que não fiz intervenção? Então é retaliação”, afirma Ezequiel.
Segundo Ezequiel, Benito está alegando que a convenção estadual não foi homologada pelo diretório nacional e que a mudança no PTB do RN não tem viés político. “Esqueceu-se do telefonema que teve comigo?”, indaga o deputado, lembrando o contato que manteve com o secretário onde a conversa teria sito outra. “Meu foco agora é, primeiro, agradecer a solidariedade que tenho recebido de todo o RN, de lideranças dos mais diversos partidos, deputados, correligionários. E agradecer a confiança dos dirigentes de partidos do Estado, dos quais recebemos convite. Mas o foco é a eleição municipal, lutar para eleger os nossos amigos, no interior do Estado do RN, para depois avaliarmos com serenidade e calma os caminhos que vamos tomar partidário”.
Ezequiel afirmou ainda que irá se recolher ao mandato de deputado estadual para “enfrentar quem não tem mandato há dez anos”, disse, sobre Benito, que já foi deputado federal pela Bahia. “Benito Gama não conhece a força e a coragem dos que nascem no RN. No rio do Índio Poti, no Grande dos Mártires de Uruaçu e no Norte de Alberto Maranhão. Rio Grande do Norte. Claro, ele é um estrangeiro. Nasceu na Bahia. Mas, momentaneamente responde pela presidência do PTB nacional”.
Ezequiel concluiu destacou que manterá uma postura política de total independência do governo do Estado, analisando matéria a matéria e votando a favor do que for melhor para o desenvolvimento potiguar. “Minha posição é de absoluta independência. Voto no que achar que for importante para o RN, encaminhado pelo governo, e critico construtivamente o que achar que devo criticar pelo melhor para o RN”, finalizou.
Por Túlio Lemos
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